Menos carro, por favor!

Conheça a história de quem trocou o automóvel pela corrida

Parece uma tarefa impossível pensar a vida em um centro urbano, como Belo Horizonte, sem um automóvel, como propõe o Dia Mundial Sem Carro, comemorado hoje (22/09). Uma turma de corredores espalhados pela capital mineira, no entanto, tem provado o contrário: eles deixaram o carro em casa e fizeram da corrida um meio alternativo de se deslocar na cidade.

Há dois meses, o professor universitário Juan Carlo Borges Weitzel, 31 anos, trocou o estresse do trânsito no trajeto de 7,5 km entre o trabalho e a casa pelo tênis e a corrida. “É o momento em que relaxo e tenho um tempo para mim. Minha vida mudou completamente desde então. Além dos benefícios para a saúde, eu, que sou de Uberaba, estou tendo também a oportunidade de conhecer melhor Belo Horizonte”, destaca.

No percurso entre o bairro Floresta e o bairro Fernão Dias, o professor universitário precisa enfrentar diversas subidas, o que não é, segundo ele, motivo para desânimo: “Quando você começa a correr, quer se superar a cada dia: diminuindo o tempo, correndo em mais aclives, se desafiando para ver até onde consegue ir”.

O trajeto é realizado duas vezes por semana e, nos demais dias, Juan Carlo opta pelo metrô. “Corro apenas duas vezes para não me sobrecarregar, já que sou iniciante e estou em processo de emagrecimento”, explica o uberabense que perdeu 45 kg em um ano e hoje pesa 95 kg.

A escolha do professor universitário foi acertada, segundo o educador físico e diretor geral da Aqui é Roots, em Belo Horizonte, Paulo Santos. “Quem faz da corrida uma opção de deslocamento para o trabalho precisa se atentar para a quantidade de quilômetros percorridos. Apesar da individualidade fisiológica de cada corredor, é importante lembrar que a maioria das lesões são causadas pelo excesso de volume”, afirma.

dia mundial sem carro

Cuidados

Alguns cuidados são necessários para quem decide se aventurar na cidade correndo. Relatos de assaltos a corredores, por exemplo, fizeram Juan Carlo ficar mais atento durante o trajeto. “Evito sair muito tarde do trabalho e chamar atenção com mochilas e gadgets. Muitas vezes, nem carteira eu levo”, aconselha.

A gerente Maria Lucienne Januarius, 38 anos, também fica ligada no trânsito. “É preciso muita atenção, pois em alguns momentos é necessário parar no semáforo, atravessar ruas, passar entre os carros, além dos buracos nos passeios, que são uma realidade da cidade”, ressalta a corredora que já chegou a cair e se machucar no trajeto de 8 km que faz, três vezes por semana, entre o trabalho, na zona sul da capital minera, e a casa dela em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Outro desafio, segundo ela, são o assédio e ofertas de carona que ela já recebeu pelo caminho. Apesar da sensação de medo e insegurança que situações como essas trazem, Maria Julienne não abriu mão dos 45 minutos de corrida de volta para a casa. “Deixo o salão de beleza onde trabalho às 19h, horário em que o trânsito na região está mais intenso. Voltar correndo para casa foi uma opção que encontrei para ganhar tempo e ter uma vida mais saudável”, explica a gerente que corre há sete anos e é fundadora da comunidade do Facebook Elas na Corrida de Rua.

Ganhando tempo

Um dia de muito trabalho não é o suficiente para tirar o ânimo da televendedora Claudia Ribeiro de Sousa, 38 anos. Com um filho pequeno em casa e sem tempo para treinar durante a semana, ela encontrou na volta para a casa uma possibilidade de se manter em forma. “Os 40 minutos que eu gastava no trânsito, hoje gasto fazendo um exercício físico”, destaca ela que, duas vezes por semana, percorre 7 km entre o trabalho, no bairro São Francisco, e a casa dela, no São João Batista.

Foi com essa estratégia que Claudia conseguiu completar os treinos para a Meia Maratona do Rio de Janeiro, em julho desta ano. “Queria muito fazer essa prova, mas estava sem tempo. Tive a ideia de começar a usar o tempo de volta para a casa para correr e deu super certo”, comemora a corredora que lança mão de um coobelt para carregar com mais comodidade o documento de identidade, dinheiro e chave de casa.

Dicas para quem quer se deslocar na cidade correndo

  1. Sempre portar um documento de identificação e um cartão com informações pessoais (plano de saúde, tipo sanguíneo, telefone de contato para emergência etc);
  2. Evite o uso de fones de ouvido, pois podem contribuir para a distração;
  3. Lembre-se de se hidratar durante o percurso, principalmente para os trajetos com mais de 40 minutos;
  4. Procure alterar o percurso regularmente, garantindo um equilíbrio no uso da sua musculatura. Por exemplo, se o seu trajeto tem muitas subidas, você estará sobrecarregando constantemente determinado grupo muscular.
  5. Considere a possibilidade de contar com as orientações de um treinador de corrida, que poderá garantir mais segurança à prática;
  6. Faça um lanche rico em carboidrato 30 minutos antes da corrida.

Que tal conhecer BH correndo?

Dá para contar nos dedos, acredita?! Pergunte a um corredor os possíveis pontos de treino na capital mineira e ele vai listar cerca de dez

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