Bursite trocantérica: por essa eu não esperava!

“Sem correr, bem devagar”. Os versos de Gilberto Gil representam a segunda quinzena do meu mês de janeiro. É triste, mas é isso mesmo! Se não der conta de esperar o desenrolar da história, desça mais um pouco no texto. Se for paciente, continue lendo com atenção que eu vou contar tudo o que me aconteceu em janeiro.

No dia 12, acordei frenética querendo treinar. Passei o dia pensando em corrida. Saí do trabalho feito louca, de tanta ansiedade para chegar à Praça da Assembleia (lá é o meu ponto de treino), encontrar os amigos e os treinadores e começar a correr. Eu realmente estava enlouquecida! Como sempre, fui lanchando no ônibus, analisando o treino que já estava anotado na mão.

Estava chovendo, mas a nossa animação também estava nas alturas! A turma da Praça da Assembleia é muito animada e, mesmo com muitas reclamações por causa da chuva fora de hora no grupo do whatsapp, reunimos um número bem legal de corredores. Era dia de treinar subidas e estávamos muito animados! Marcamos o lugar onde faríamos as subidas e partiram todos para a rodagem. Nos dividimos em grupos por ritmo de treino. Eu quis ir sozinha porque detesto sentir que meu ritmo de tartaruga está atrapalhando alguém!

Quando completei cerca de 400m, senti uma dor muito forte no quadril. Aos 600m, queria sentar na calçada e chorar, mas fiquei com vergonha. Tentei caminhar um pouco, mas a dor era forte. Fiquei parada, no meio do caminho, com vontade de gritar, chorar, espernear. A cabeça estava a mil. É incrível a capacidade que temos de pensar milhões de coisas ruins quando algo desse tipo acontece. Após alguns segundos (sim, segundos!), resolvi pegar o primeiro retorno e seguir caminhando para a praça.

Quando cheguei, minha cara não devia ser das melhores. O Vinicius (meu treinador) foi logo me perguntando o que havia acontecido e, quando tentei explicar sobre a dor, veio novamente àquela vontade de chorar, mas eu me segurei e consegui explicar o que nem eu estava entendendo. Ele fez uns testes, avaliou a região, fez uns alongamentos comigo e me senti pronta para trotar um pouco. Parti para mais uma volta na praça, só caminhando e resolvi tentar fazer as subidas (pessoa louca!). Percebi que não sentia dores na descida e até consegui fazer umas três ou quatro subidas. A cabeça estava a mil e resolvi parar o treino.

Voltei para a praça e fiquei conversando com o Euler (meu outro treinador) sobre provas, treinos e nossa vida corrida, enquanto o pessoal terminava o treino do dia. Relaxei. Esqueci a dor. Me empolguei falando desse esporte que eu tanto amo. Quando nos reunimos para alongar, me lembrei bem da dor. Mas de uma forma diferente. Ela estava mais leve e o alongamento me fez bem. Fiquei ali na praça, conversando com os companheiros de treino, rindo, jogando conversa fora. Até que me assustei com o horário e vi que já tinha passado da hora de ir embora.

No dia seguinte, logo cedo liguei para marcar um ortopedista e consegui uma vaga para a hora do almoço. O diagnóstico veio naquele dia mesmo: bursite trocantérica. Uma inflamação nas bursas do quadril. Algo que atinge um em cada dez corredores. Entre as mulheres, uma em cada quatro! Como eu nunca havia ouvido falar disso?! Saí do consultório com um pedido de ressonância magnética (que o convênio já aprovou no mesmo dia), uma injeção para tomar (precisava estar sem dor para trabalhar) e a receita de um anti-inflamatório. O médico disse que eu poderia voltar a correr assim que as dores cessassem e isso me deixou muito otimista!

Consegui marcar a ressonância para quinta-feira, mas fiquei tão bem após a injeção e o início do remédio, que o astral até estava bom. As coisas estavam dando certo! Eu não tinha motivos para desanimar. Após levar o resultado da ressonância para o médico, meu ânimo já não era o mesmo. Recebi o pedido de fisioterapia e o conselho de ir com calma, frear a ansiedade do retorno. Foi como um balde de água fria. Eu já não sentia dores, pensava que poderia voltar a correr. Aí o médico fala para fazer as dez sessões de fisioterapia e voltar para uma nova avaliação antes de voltar a correr?! Desesperei.

Na minha avaliação, a fisioterapeuta disse que eu estava ótima e que logo estaria de volta aos treinos. Ai, que emoção! Eu realmente não sentia mais dor no meu dia a dia. Sentia apenas um incômodo ao subir e descer escadas. Estava focada na minha recuperação. Aplicando gelo sempre, fazendo os exercícios da fisioterapia, mantendo a disciplina necessária.

Após três sessões de fisioterapia, no dia 29 de janeiro, recebi a notícia que eu tanto esperava. Estava liberada para caminhar e trotar. Não, não poderia correr ainda, mas a partir do dia 1º de fevereiro poderia voltar aos treinos leves, rumo ao Desafio Secreto. Saí contando para todo mundo! A minha vontade era de sair pulando por aí, mas ainda sinto dores quando pulo! Não ia dar para sair pulando!

O meu mês de janeiro foi assim! Cheio de fortes emoções. Foi triste, foi alegre, foi tenso e intenso! Me senti tão apoiada pela equipe Aqui é Roots, que nem sei como agradecer! Mesmo a distância, eles estiveram próximos. Cuidaram da minha saúde, do meu psicológico, me apoiaram.

E a música de Gil vai ficando assim:
“Sem correr
Bem devagar
A felicidade voltou pra mim…”

Foi assim que a corrida voltou para a minha vida! Esses quase 20 dias sem correr, passaram beeeeemmm devagar!

Em fevereiro, voltei aos treinos. Espero vir com ótimas notícias sobre os meus treinos e evolução na corrida! Aguardem!

[CBHC] #D9 Correr na Avenida Vilarinho

Se o projeto Conhecendo BH Correndo fosse um filme, Belo Horizonte seria o artista principal, eu, o ator coadjuvante, e seria recheado de participações especiais:

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