É sempre muito gratificante encarar desafios em qualquer âmbito da vida. Eles nos fazem evoluir como pessoa e espírito, especialmente, quando nos propomos a entender o seu tamanho, avaliar as possibilidades, planejar como fazer, executar as etapas com disciplina e concluir da melhor forma. Exatamente isso que estou fazendo para encarar a Ultra Fiord 70K, ultramaratona que será realizada na Patagônia Chilena, em abril de 2016.
Hoje vou compartilhar um pouco do meu planejamento para enfrentar este grande desafio. Considerando a pessoa comum que sou, com muitas responsabilidades familiares e profissionais e também o pouco tempo para dedicação ao esporte, posso dizer que as conciliações diárias se tornam um desafio tão grande ou maior que correr os 70 km num lugar inóspito. Conseguir realizá-las é um exercício realmente fantástico.
Definida a prova, parti para a elaboração deste planejamento e a pergunta fundamental foi:
– Como conciliar minha preparação física, diante do alto volume de treinos, com o meu dia a dia familiar, social e profissional?
Para encontrar a resposta, tenho adotado um planejamento que é dividido em 6 etapas bastante abrangentes que irão me guiar até o momento da prova:
1. Realizar um check-up geral, com especial atenção ao cardiologista e ortopedista
Em julho de 2015, pouco antes da Mizuno Uphill Marathon, fiz uma série de exames e testes que me habilitaram a continuar dedicado aos meus desafios esportivos. Não que algo errado possa acontecer, mas é importante saber que não tenho nenhum problema físico aparente.
2. Definir a assessoria esportiva e/ou profissional responsável pela preparação das minhas planilhas de treino
Além de experiência, considerei importante que estes profissionais conhecessem um pouco mais sobre mim, especialmente quanto aos meus hábitos, disciplina, qualidade da alimentação e, principalmente, o meu tempo de dedicação à vida profissional. Desta forma, eles conseguiriam dimensionar um treinamento adequado e de fácil conciliação com a dinâmica da minha vida pessoal.
3. Conhecer, desde o primeiro momento, a planilha dos longões (treino dos sábados)
Falando em conciliação, esta etapa é determinante para dimensionar as próximas três fases e também importante para alinhar as expectativas familiares relativas à programação dos finais de semana. Ao longo de cinco meses de preparação serão 21 treinos aos sábados. Em 10 desses dias correrei distâncias entre 25 km e 60 km, o que afeta a rotina familiar. Por isso, conhecer esse fato antecipadamente facilita o apoio e a compreensão da família.
4. Selecionar o personal trainer que construirá a estratégia de fortalecimento muscular para a ultramaratona
Muito alinhado aos longões e ao volume de corrida semanal, meu personal trainer elabora exercícios na academia que ampliam a minha força e resistência muscular para suportar o volume de corridas e me afastar das possibilidades de lesões.
5. Eleger um nutricionista esportivo para construir meu planejamento alimentar
Um profissional experiente em ultramaratonas estuda uma alimentação que atenda as minhas demandas energéticas, propondo uma dieta de fácil administração em função da minha rotina profissional atribulada entre reuniões, viagens e muitas horas de dedicação.
6. Massagens esportivas após os treinos longos
Pela primeira vez contratei uma excelente massagista esportiva que, quinzenalmente, tem feito massagens especialmente nos pés e pernas. Foi uma boa decisão associada aos bons alongamentos que faço em momentos independentes dos treinos de corrida e fortalecimento.
Essas 6 etapas do planejamento tem sido fundamentais, pois me permitem levar uma vida normal, dinâmica, participativa e sem grandes alterações no dia a dia.
Além de recomendar a busca constante por desafios, não tenho dúvidas que planejar a rotina diária é imprescindível para manter o esporte como parte integrante da minha vida.
Que venham novos e maiores desafios!